Becos da minha terra…
Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce fugidia,
e semeias polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha, jogada no monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água,
Descendo de quintais escusos sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
Amo a avenca delicada que renasce
Na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada
…
Cora Coralina
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
4 de outubro de 2020 at 15:07
Cora Coralina faleceu em Goiania, aos 95 anos, de pneumonia. A sua casa na Cidade de Goias foi transformada num museu em homenagem a sua historia de vida e producao literaria.
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