Senhor, meu passo está no Limiar
Da Tua Porta.
Faz-me humilde ante o que vou legar…
Meu mero ser que importa?
Sombra de Ti aos meus pés tens, desenho
De Ti em mim,
Faz que eu seja o claro e humilde engenho
Que revela o teu Fim.
Depois, ou morte ou sombra o que aconteça
Que fique, aqui,
Esta obra que é tua e em mim começa
E acaba em Ti.
Sinto que leva ao mar Teu Rio fundo
– Verdade e Lei –
O resto sou só eu e o ermo mundo…
E o que revelarei.
A névoa sobe do alto da montanha
E ergue-se à luz
O claro cimo que a Tua luz banha
Sereno e claro e a flux
Eu quero ser a névoa que se ergue
Para te ver
A humanidade sofredora é cega –
O resto é apenas ser…
…
Fernando Pessoa (1888-1935)
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
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