A arte povera teve como berço a Itália e surgiu em meados da tumultuosa década de 1960.
Considerada uma das correntes de vanguarda mais importantes e influentes do século XX, essa arte espelhou os anseios e toda a negação da cultura vigente, atuando e se expressando de forma fundamental na contracultura, um movimento múltiplo que explodiu em diversos países durante a década de 1960 e que buscava negar padrões culturais e quebrar tabus da sociedade da época.
Para saber, em detalhes, o que é arte povera, conhecer suas características, exemplos e principais artistas, basta ler este post até o fim.
O QUE É ARTE POVERA?
Arte povera significa “arte pobre”. Esse termo foi criado em 1967 por Germano Celant, um historiador, curador e crítico de arte italiano.
Nesse ano, ele desenvolveu um manifesto que questionava a industrialização, a cultura em massa e que promovia uma arte mais simples e humanizada.
Vale destacar que a arte povera nasceu em um momento em que a pop art ganhava grande projeção nos Estados Unidos. Dessa forma, ela também criticou o caráter pouco conceitual dessa corrente liderada por Andy Warhol, assim como buscou debater sobre o modernismo e a arte minimalista.
Essa expressão foi criada e logo propagada e abraçada em diversas esferas artísticas, principalmente pela pintura, escultura e performance.
Seu conceito e proposta tinham como fundamentos propor o empobrecimento da arte para, assim, jogar uma luz sobre a efemeridade das produções artísticas.
Na verdade, o empobrecimento da arte nada mais era do que uma crítica fervorosa ao empobrecimento da sociedade, a qual, segundo seus representantes, era guiada pelo capitalismo e não se importava nem com a acentuação da desigualdade social, nem com questões ecológicas e sustentáveis.
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA ARTE POVERA?
As características da arte povera são:
- o uso de elementos e materiais orgânicos como corda, folhas de árvores, trapos, sucatas, terra, jornais e, até mesmo, comida e excrementos;
- a crítica às galerias e à comercialização da arte;
- a valorização de temas relacionadas ao cotidiano e à natureza;
- o prestígio da espontaneidade, da originalidade e da brevidade;
- o enaltecimento do contraste entre o velho e o novo.
- uma linguagem que se parecia em muitos momentos com a da arte surrealista e dadaísta, uma vez que valorizava o absurdo e o irreal.
QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS ARTISTAS DA ARTE POVERA?
Os principais artistas da arte povera foram em sua maioria italianos. Dentre os grandes representantes, podemos citar:
- Giovanni Anselmo: escultor italiano e um dos pioneiros do movimento. Em suas obras, ele utilizava constantemente terra, madeira e pele de animal.
- Piero Manzoni: artista plástico italiano e um dos mais polêmicos representantes da arte conceitual;
- Mario Merz: artista italiano que considerava o conceito mais importante do que a obra e que ficou bastante conhecido por seus “iglus”;
- Lucio Fontana: escultor e pintor argentino que integrou a corrente e produziu diversos trabalhos com materiais orgânicos;
- Jannis Kounellis: artista grego bastante famoso por suas instalações que apresentavam vegetais e animais;
- Michelangelo Pistoletto: um dos grandes protagonistas da arte povera italiana, conhecido por utilizar trapos e outros elementos comuns dessa corrente tanto em suas pinturas, como em suas performances e esculturas;
- Luciano Fabro: artista plástico italiano conhecido por suas esculturas de instalações que mesclavam natureza, arte e mitologia.
- Iole de Freitas: artista brasileira com papel de destaque na arte contemporânea e que utiliza a água, a madeira, a pedra em seus trabalhos.
EXEMPLOS DE ARTE POVERA: ENTRE QUESTIONAMENTOS E ABSURDOS
MERDA D’ ARTISTA (1961) – PIERO MANZONI
Essa obra consistia em 90 latas de fezes e buscou questionar o valor da arte ao propor a sua venda a elevados preços. Esse projeto foi fundamental para história da arte pois ele deu uma nova dimensão a ela ao promover que o conceito por trás da obra era mais importante que a peça em si, a técnica e o próprio talento do artista.

Crédito: Wikipédia
FLOOR TAUTOLOGY (1967) – LUCIANO FABRO
Formada por uma área de piso polido demarcada e coberta por jornais com o objetivo de manter o chão limpo e de protegê-lo de arranhões, essa obra teve como objetivo questionar o conceito da limpeza e provocar os espectadores para não sujá-lo.

Crédito: Ciiand
ESTRUTURA ALIMENTAR (1968) – GIOVANNI ANSELMO
Essa obra feita em escultura compreendia um bloco de granito preso a um maior semelhante a um pedestal e no meio um alce.
Com a deterioração do vegetal, a escultura entrava em colapso e, assim, não mais existia, o que mostra brevidade de uma peça, uma das características mais importantes desse movimento.

Crédito: Pinterest
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Fonte:laart.art
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
30 de janeiro de 2022 at 08:25
Ao longo de toda a história da arte, com os diferentes movimentos artísticos,podemos observar que apenas esta forma de expressão humana teve possibilidade de vingar ao longo dos séculos. Em todas as formas artísticas plásticas sempre foram uma forma de rebeldia contra o sistema. O momento que se faz sentir no presente irá fazer surgir um novo movimento artístico de negacionismo e anti-faxismo e mesmo anti Neo nazistas.
Palmas para eles, que são dos poucos que têm coragem para enfrentar o sistema!!!
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30 de janeiro de 2022 at 09:54
Bom dia, Isabel! Muito obrigado pelo seu comentário e presença aqui no Tête-à-Tête.
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