A arquitetura moderna foi desenvolvida a partir dos ideais políticos e sociais do modernismo. Para além de um estilo de construção, os prédios modernos buscam transmitir uma mensagem. Qual?
O que é a arquitetura moderna?
A arquitetura moderna é um estilo arquitetônico que surgiu no início do século XX. O estilo busca dar forma material ao que era apenas ideias nas mentes de certos autores, como Rousseau, Jean Paul Sartre e Horkheimer.
As construções modernistas são marcadas pela tentativa de fazer obras simples e úteis, baseada na filosofia utilitarista.
A arquitetura modernista visa ser útil para a locomoção humana, focando assim a parte física do homem. Seus artistas rechaçavam a ideia dos principais movimentos antigos: transmitir beleza.
Em 1908, Adolf Loos publicou um artigo intitulado Ornamento e Crime. Nos escritos, Loos considerava que os ornamentos das arquiteturas antigas deveriam ser combatidos avidamente, devido a uma suposta superficialidade das decorações.
Segundo ele, no livro citado:
“A arquitetura não é uma arte, pois qualquer coisa que sirva a um objetivo se exclui da esfera da arte”.
Para a arquitetura tradicional, a matéria seria um instrumento para revelar a beleza transcendental, como formulado por Platão. O foco era encantar a alma e as potências superiores do homem, a inteligência e a busca pelo bem.
A busca por utilidade da arquitetura moderna também se baseia na estética utilizada na revolução industrial.
Essa revolução consolidou o estilo de vida liberal e utilitarista ao redor do mundo, dando início ao modernismo.
Os artistas modernos buscam simular traços de fábricas em suas obras.
Uma das maneiras de fazer isso é utilizar elementos como concreto e metal, que passam a impressão de elementos modernos criados nas indústrias.
O gosto pela estética das fábricas também advém da ideologia materialista e utilitarista presentes em Karl Marx.
Arquitetos importantes para o modernismo, como Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer e Kenneth Frampton eram marxistas.
Algumas frases marcantes de um dos maiores intelectuais da arquitetura moderna, Le Corbusier, são:
“nova civilização da máquina”, “revolução arquitetônica”, “ ruptura com costumes”, “ hábitos visuais renovados ”, “rompimento da linha evolutiva”, “ renascença arquitetônica”, “renovação e nova consciência”.
(Citações do artigo Arquitetura Moderna: (Con)tradições e (Inov)ações, de Elisabete Reis, ex-coordenadora do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro).
Os prédios estatais da União Soviética também fazem parte do movimento modernista, demonstrando a relação entre ideologia e arquitetura moderna.
As obras das 7 artes transmitem mensagens, e a mensagem da arquitetura moderna, de acordo com os escritos de seus membros, pode ser definida como: o serviço utilitário ao corpo do homem.
Os 5 pilares da arquitetura moderna
Os 5 pilares da arquitetura moderna foram elaborados pelo arquiteto Le Corbusier, em 1929. Eles são considerados como a base dos projetos de construções modernistas até os dias de hoje.
Os 5 pilares são:
- pilotis;
- planta livre;
- fachada livre;
- janelas em fita;
- terraço jardim.
No início de sua elaboração, grande parte dos modernistas buscavam usar os 5 pontos. Atualmente, eles ainda são utilizados, mas não necessariamente todos os 5.
Pilotis
O pilotis é uma estrutura de pilares que eleva o prédio, de maneira a criar um vão livre no térreo. O exemplo mais clássico da estrutura no Brasil é o MASP (Museu de artes de São Paulo).
A intenção é criar um espaço a mais para a circulação das pessoas.

Planta livre
A planta livre refere-se à criação de espaços com a menor quantidade de paredes divisórias possíveis. É a criação de andares totalmente abertos.
A intenção é criar espaços que possam facilmente ser utilizados para novas funções conforme o prédio mude de dono ou de função.

Fachada livre

A fachada livre é uma consequência da planta livre. Já que a estrutura interna do prédio quase não possui peso, devido a planta livre, o formato da frente do edifício (fachada) ganha novas possibilidades de elaboração.
Janelas em fita

As janelas em fita são possíveis devido a liberdade que o edifício modernista ganha com a planta livre. A intenção das janelas em fita é enquadrar o ambiente, de modo que o edifício dê destaque à natureza.
Le Corbusier afirmava que um dos maiores benefícios da janela em fita seria acabar com os ornamentos presentes nos prédios antigos.
Terraço jardim

O terraço jardim surgiu a partir do princípio utilitarista da arquitetura moderna. Ao invés de se fazer terraços e tetos inutilizáveis, os modernistas usam o último andar para criar um espaço útil para qualquer coisa que o dono desejar.
Principais autores e obras da arquitetura moderna
Alguns dos principais autores e obras da arquitetura moderna são:
- Le Corbusier: prédios Unité d’Habitation, criados para recuperar a Europa pós II Guerra Mundial.
- Frank Lloyd Wright: Casa da cascata;
- Oscar Niemeyer: diversos prédios de Brasília, como o palácio do planalto e o edifício do Congresso Nacional;
- Lina Bo Bardi: Museu de Arte de São Paulo.
- Kenneth Frampton: livro História crítica da arquitetura moderna e o complexo de apartamentos The Corringham, localizado em Londres.
Lista das principais características e objetivos
As principais características e objetivos da arquitetura moderna são:
- busca pela criação de prédios que sejam práticos e úteis, em detrimento da busca pela beleza;
- criação de prédios baseados na estética da revolução industrial;
- desvalorização dos ornamentos presentes nas obras arquitetônicas tradicionais, como o palácio de Versalhes e a Basílica de São Pedro;
- vínculo da arquitetura com ideais utilitaristas e materialistas;
Arquitetura Moderna no Brasil

A arquitetura moderna chegou ao Brasil através da influência de Lúcio Costa, em 1930.
O estilo europeu não era bem visto pela maior parte dos arquitetos brasileiros. Contudo, mesmo assim, Lúcio Costa conseguiu se tornar diretor da Escola Nacional de Belas Artes e ensinar o modernismo.
Um de seus alunos foi Oscar Niemeyer.
A partir desse momento o movimento passou a ganhar cada vez mais força.
Arquitetos simpáticos ao modernismo criaram a Escola de São Paulo, uma instituição que buscava implementar o movimento nas construções brasileiras. Um dos principais nomes da Escola foi João Batista Vilanova Artigas.
Após a organização do movimento, a arquitetura moderna conseguiu se estabelecer no país, tornando-se o estilo escolhido para a construção da nova capital do país, a cidade de Brasília.
O movimento da segunda fase do modernismo, atuante em todas as 7 artes, foi decisivo para o desenvolvimento da arquitetura moderna no Brasil.
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Fonte:brasilparalelo
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Equipe Tête-à-Tête
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