Todo ser humano deseja ser feliz, alcançar a melhor vida possível. Essa é a tarefa principal de qualquer vida humana. Por sorte, homens sábios elaboraram grandes teses sobre o homem ao longo da história. E esses faróis da humanidade são guias para a formação da melhor personalidade possível.
Os principais fatores da estrutura da personalidade
Etimologicamente, a palavra personalidade tem origem grega e quer dizer máscara. Isso remete ao fato de as máscaras serem usadas nos teatros gregos, onde os atores exerciam um tipo de vida humana possível.
A personalidade é o que define quem a pessoa é. São os comportamentos frequentes, os gostos principais, os valores que norteiam a vida do indivíduo.
Segundo Aristóteles, a finalidade de algo é a definição desse algo. Assim, a finalidade da vida de uma pessoa, seu objetivo principal, é o que lhe define a personalidade.
No caminhar da vida, vários fatores influenciam a formação da personalidade do homem.
Segundo o psiquiatra Bruno Lamoglia, 3 dos principais fatores são:
- temperamento;
- valores — criação;
- formação do imaginário.
Compreender esses fatores na própria vida leva a um esclarecimento geral de quem a pessoa é.
Essa compreensão pode guiar a pessoa a entender qual caminho rumar para ser feliz, para viver uma vida mais realizada.
Tais fatores serão abordados mais adiante. Antes disso, é necessário entender a estrutura do ser humano para que a personalidade seja verdadeiramente formada.
Segundo o psiquiatra Bruno Lamoglia, as principais teorias sobre a estrutura do homem são:
- o homem segundo a Filosofia Grega Clássica;
- a Constituição Septenária;
- as 12 camadas da personalidade.
Filosofia Grega
Os gregos dividiam o ser em três. A primeira parte é o corpo físico ou soma, a segunda parte é a psique, ou a mente humana. A terceira é o nous, vida espiritual, a vida superior.
Entre essas 3 partes, os gregos estabeleceram uma intersecção, tal como na figura abaixo.

Todas as partes estão conectadas, pois o ser humano é uno. As separações são feitas pela inteligência do homem para compreender melhor cada uma dessas realidades.
A filosofia grega diz que o homem possui um erro original que faz com que sua vida seja desordenada.
Em vez de viver segundo o espírito, muitos homens vivem invertidos, buscando o que há de mais baixo.
Bruno aponta que um dos principais males do mundo contemporâneo é o fato de as pessoas viverem para satisfazer a soma (carne).
O homem moderno tem como objetivo principal conseguir prazer: comidas, carinhos, sexo e drogas são o centro de muitas vidas.
Aristóteles, por exemplo, não enxergava o corpo como algo ruim no homem, mas afirmava que as realizações da psique (alma) são superiores às da soma (corpo).
Para ele, o desenvolvimento da inteligência e o agir que busca o bem (diferente de prazer), realizam mais o homem, guiam-no para o que há de mais elevado, a vida no espírito.
Essa visão é mais aprofundada pela próxima teoria.
A Constituição Septenária

A Constituição Septenária é uma teoria de Arthur Powell baseada na antropologia hindu.
Segundo essa teoria, quando o homem começa a viver segundo a alma (a razão, parte consciente), ele passa a se aproximar das atividades do espírito, parte mais elevada do ser humano.
Powell chama esse estado de manas, uma mente ligada à sabedoria, uma mente que já não vê a fragmentação no mundo, mas sim a totalidade.
Essa é uma mente que começa a entender o todo, começa a perceber que está ligada a outras pessoas e consegue entender um pouco mais sobre uma vida sábia. Neste ponto, entra a sabedoria, que é o mundo das virtudes.
A pessoa começa a viver a vida pelo mundo das virtudes.
É o estado inicial do amor puro.
E o que seria o amor? Onde no homem o amor está localizado?
Segundo essa visão, o amor não está nas emoções. As emoções são a afetividade, algo mais baixo.
Depois que se consegue dominar as emoções, a pessoa consegue calar inclusive a mente.
Muitas visões que surgiram no mundo moderno afirmam que o amor é a produção de ocitocina e conexão para que se tenha mais filhos, ou seja, uma ligação reprodutiva, material.
Para Powell, não. O amor muitas vezes é uma doação em que nada se ganha em troca, nenhum benefício material.
Na mente considerada sábia pela teoria da constituição septenária, o homem já não tem os sofrimentos das partes mais baixas.
Após passar certo tempo sendo sábia, a pessoa começa a entender um pouco mais sobre o mundo das virtudes e chega numa vida de intuições, chamada de buddhi ou vida búddhica.
Isso não tem relação com Buda. Buddhi seria o mundo das intuições.
O que seria a intuição?
Para a ciência moderna, intuição é uma outra coisa.
Para a filosofia, principalmente hindu, é outra.
Na ciência moderna, a intuição seria uma tomada de decisão baseada em memórias inconscientes, conforme os erros e acertos ao longo da vida.
Por exemplo, se alguém estiver diante de uma bifurcação e precisar optar entre direita ou esquerda.
A pessoa pode optar pela direita. Por quê? Porque antigamente ela pode ter optado pela esquerda — ela não se lembra disso, é inconsciente — e deu errado, aconteceram coisas ruins na esquerda.
E então diante dessa bifurcação, ela optou pela direita. Se alguém perguntar o que aconteceu, ela responde: “Eu não sei. Intuitivamente eu fui para a direita”.
Essa é a intuição segundo a ciência natural moderna, quando se usa a memória de forma inconsciente, mecanismos pelos quais não se usa a consciência.
Por outro lado, na constituição septenária, a intuição é uma conexão com algo maior, é a busca da verdade.
Qual seria essa verdade?
A verdade é uma concepção das coisas sobre o que elas realmente são e não mais sobre as opiniões pessoais, não mais sobre as interpretações pessoais, mas uma interpretação da própria verdade em si.
É raro atingir tal nível; Por isso a principal representação dessa estrutura é uma pirâmide. A pirâmide quer dizer que quanto mais alto, mais difícil, mais raro.
Sobre isso, o Doutor Bruno comenta:
“Consideramos a vida búddhica até uma vida religiosa, porque é uma vida de aceitação plena.
Eu sei que muita gente fala: ‘Ah, mas eu já aceito tudo na minha vida’. Será que aceita mesmo, de verdade, profundamente?
Provavelmente, não, porque é uma vida quase passiva, que tem essa leitura das coisas que acontecem. É uma visão deliberadamente externa e alheia a si mesmo.”
A última parte da pirâmide é o atma.
Existem diversas interpretações dessa etapa, inclusive dentre as vertentes orientais.
O atma seria a iluminação, viver como um ser de luz, fonte de iluminação completa e constante.
Isso ficaria restrito aos grandes mestres espirituais, a pessoas que, após muita busca por Deus e contato com ele, vivem unidas a ele de maneira a estarem mais no mundo sobrenatural que no natural.
Elas vivem sob a verdade.
Elas exercem total influência, não só na própria história e no próprio espírito, mas na realidade ao seu redor em grande extensão e profundidade.
É difícil para pessoas abaixo desse nível entenderem o que é isso.
Bruno dá o exemplo de explicar as cores para um daltônico. Ele não vai compreender, na sua plenitude, o que são as cores. O buddhi e o atma são estágios avançados.
O Ocidente possui visões parecidas, teorias sobre as partes mais elevadas da alma e como alcançar esse estágio.
O cristianismo, maior religião do mundo, especialmente do Ocidente, embora tenha visões parecidas, diverge de Powell e do hinduísmo na maneira de alcançar a plenitude da personalidade e sobre o que seja a plenitude.
No Cristianismo, após o homem se abrir para a graça de Deus, ele alcança a visão beatífica, ou seja, ver Deus face a face, viver eternamente com o bem inesgotável, sempre adquirindo novos bens.
Para o hinduísmo, a realização plena da personalidade é a dissolução do eu na divindade, um ser impessoal. Essa realização é alcançada através de esforços próprios.
O eu é perdido para sempre.
As 12 camadas da personalidade

A teoria das 12 camadas da personalidade foi elaborada pelo filósofo brasileiro Olavo de Carvalho. A teoria apresenta etapas do desenvolvimento da personalidade natural, em uma ordem cronológica da vida humana.
O professor Olavo fez um apanhado de ensinamentos de diversos psicólogos, unindo essas teorias em um único conjunto que também contam com ideias originais do autor.
Fatores externos que influenciam a formação da personalidade
Os 3 fatores externos da formação da personalidade, já mencionados, são:
- temperamentos
- valores — criação;
- formação do imaginário.
Temperamentos
O temperamento é uma estrutura psicológica do homem que molda a maneira que ele recebe as impressões do mundo e como ele interage com os demais.
Essa teoria foi elaborada por Heráclito, pai da medicina moderna, e comentada por Aristóteles.
Na maior parte das teorias, o temperamento é encarado como uma estrutura fixa do homem, mas que pode ser educada a partir da consciência.
Valores — Criação
Os valores são os conceitos que indicam o que é certo e o que é errado.
Eles levam a pessoa a rejeitar determinadas coisas e buscar outras.
Os valores ensinados pelos pais, bem como a maneira que eles são passados, podem estruturar toda uma vida humana, seja porque o sujeito os ama, seja porque os rejeita.
Formação do imaginário
O imaginário é a maneira que a pessoa projeta sua vida a partir do que ela entende ser sua realização. Essa projeção é formada a partir das histórias — narrativas — que ela consumiu ao longo de sua vida.
Alexandre o Grande tinha a Ilíada como livro de cabeceira. Seu sonho era ser como Aquiles.
As histórias recebidas ao longo da vida, especialmente na infância, moldam o que cada pessoa deseja ser e como ela vê o mundo.
Literatura, cinema, música, qualquer tipo de arte, especialmente artes narrativas, moldam o imaginário do homem.
Muitos pais não entendem como seus filhos se desviam da maneira que foram criados. Uma das explicações pode ser a formação do imaginário que obtiveram através da internet e outros meios de cultura.
O fator determinante
Todos os aspectos da formação da personalidade passam por 2 pontos essenciais da vida humana:
- inteligência; &
- vontade.
A inteligência é a maior potência do homem.
Permite criar objetos e mecanismos que facilitam a vida, mas, acima de tudo, permite conhecer a vida.
Com a inteligência o homem aprende o que é o bem e o que é mal. A partir dessa capacidade o homem pode guiar sua vida até uma verdadeira realização.
Com o conhecimento intelectual do bem, é possível indicar para a vontade o que desejar, o que ir atrás.
Uma das grandes causas das decepções humanas é realizar uma vontade sem antes analisá-la com a inteligência.
Para uma vida ser bem sucedida, é necessário que a inteligência submeta a vontade a seu império, e não o contrário.
A consciência do homem é um farol que o guia para a formação da personalidade ideal.
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Fonte:brasilparalelo
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Equipe Tête-à-Tête
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