Nenhum país da história tinha vivido algo parecido. Quando o fascismo se instalou na Europa do século XX, o mundo viu algo totalmente novo, e também uma ameaça à liberdade. Hoje, as características do fascismo estão generalizadas em vários discursos e o significado real ficou distante. 

Para entender a definição do regime fascista, é preciso voltar na história.


O que é fascismo?

Fascismo é um tipo de governo onde todas as esferas da sociedade são controladas pelo Estado. A principal característica desse tipo de governo é o totalitarismo nacionalista. O fascismo surgiu e foi aplicado no século XX, na Europa. 

Principais Características do Fascismo

As principais características do fascismo são:

  • Poder absoluto do Estado;
  • Nacionalismo exacerbado;
  • Tentativa de retomar o paganismo, em detrimento do Cristianismo.

Poder absoluto do Estado

A doutrina fascista prescrevia que todas as esferas da sociedade deveriam ser controladas pelo governo.

De acordo com Mussolini em seu livro Doutrina Fascista, as ações humanas realizadas fora do Estado não possuíam valor.

Isso porque o pensamento fascista foi moldado pelo coletivismo de Karl Marx e Giovanni Gentile. 

O coletivismo foi muito enfatizado por Marx em seus escritos.

Segundo Karl Marx, a coletividade possui mais importância do que a vida de cada um, considerada individualmente. A vida deixa de ser um direito natural inviolável.

Mussolini aderiu a essa máxima de Marx durante todo seu governo e em toda sua teoria, como pode ser observado em seus livros e atos.

Benito Mussolini foi marxista desde a juventude. Seu pai, um renomado militante comunista, nomeou o futuro Duce da Itália em homenagem ao revolucionário de esquerda, Benito Juaréz.  

Mussolini chegou à sua teoria final após ter sido influenciado pelas teorias de Giovanni Gentile, idealista político italiano de base marxista.

Giovanni defendia um comunismo não mais voltado para um governo operário global, mas sim, nacional.

Ele defendia uma revolução comunista de acordo com as particularidades de cada país. 

Essa era a principal diferença do fascismo para o comunismo. 

O símbolo do fascismo italiano era o fascio, uma arma usada pelos antigos romanos que simboliza a máxima “a união faz a força”.

Hitler pertenceu ao mesmo movimento.

Ele se opunha ao livre mercado e nomeou seu partido como Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Todas as grandes empresas eram controladas ou supervisionadas pelos nazistas.

O fascismo de Hitler defendia uma superioridade étnica dos arianos, diferente do fascismo italiano, que priorizava resguardar os habitantes da Itália.

Os governos militares ibéricos dessa época eram diferentes dos fascistas. Eles visavam manter suas tradições postas em risco pelos terroristas comunistas. 

O pensamento marxista dos líderes fascistas fez com que as empresas de seus países fossem controladas pelo governo.

Empresas famosas até os dias de hoje, como Volkswagen, Hugo Boss e BMW possuíam relações estreitas com os nazistas.


Outras características 

Em suma, devido a característica principal do fascismo, o poder absoluto do Estado, outras decorrem :

  • a proibição da liberdade de expressão;
  • o antiliberalismo;
  • a oposição ao livre mercado;
  • a proibição de participação política da população. 

Nacionalismo exacerbado

Os governos fascistas surgiram em um contexto de destruição das nações europeias, conforme será analisado no tópico do contexto histórico. 

Neste mundo pós Primeira Guerra Mundial, os discursos fascistas atraíram a população que fora destruída por nações estrangeiras. 

O termo nacionalismo surge pela primeira vez na história durante a Revolução Francesa para desqualificar a turba revolucionária. 

O Abade Augustin Barruel utiliza dele do seguinte modo em seu livro “Memórias da História do Jacobinismo”:

“O nacionalismo ocupou o lugar do amor geral (…). Autorizou-se então a desprezar os estrangeiros, enganá-los e ofendê-los”.

Para ele, o nacionalismo era o oposto do patriotismo, pois associava-se a um amor cego do Estado e ao ódio contra os estrangeiros, tudo em nome do povo e da vontade geral.

A palavra nacionalismo surgiu, portanto, de maneira pejorativa.

Patriotismo remete à herança cultural e aos símbolos de uma nação, enquanto nacionalismo remete à ideia de país e sua organização política.

Ou seja, o nacionalismo envolve um certo grau de patriotismo, mas é algo ligado ao compromisso com um projeto político.

Já o patriotismo autêntico transcende interesses políticos e partidários imediatos, e envolve o amor sincero por toda a bagagem cultural de uma nação.

Os fascistas desenvolveram tanto o nacionalismo, que passaram a considerar justificável a invasão de países vizinhos.

Daí decorre o expansionismo fascista.  


Tentativa de retomar o paganismo, em detrimento do Cristianismo

Para ter êxito em seus planos estatizantes e nacionalistas, os fascistas defenderam a formação de um imaginário pagão.


Mussolini trouxe de volta à Itália diversos símbolos da Roma pagã, inclusive esculturas e arquitetura. O ditador também proibiu a atuação da Ação Católica italiana e o ensino católico no país.

Já Hitler possuía um intenso interesse por esoterismo. A inteligência alemã possuía missões responsáveis por procurar itens mágicos para benefício do Estado alemão.

Os membros da SS (Schutzstaffel) deveriam renunciar a sua fé cristã e deveriam participar de rituais esotéricos pagãos organizados pela própria equipe. 

Isso está documentado no livro de de Bill Yenne (2010), Hitler’s Master of the Dark Arts: Himmler’s Black Knights and the Occult Origins of the SS. Minneapolis: Zenith. 

O desenvolvimento do imaginário pagão por parte dos fascistas era necessário para a manutenção do próprio sistema. 

Se a fé Cristã se mantivesse na Europa, o sistema nacionalista, que defendia a valorização exclusiva do próprio país e ódio aos países vizinhos, não funcionaria.

Por isso os Papas condenaram o fascismo italiano e alemão, através das Encíclicas Non Abbiamo Bisogno e Mit Brennender Sorge

Hitler assassinou aproximadamente 3.000 Padres nos campos de concentração. 


Contexto histórico e político do surgimento do fascismo

Para bem compreender as principais características do fascismo, é necessário entender-lhe o surgimento.

Foi um fenômeno mais prático do que teórico. 

O pensamento fascista surgiu na Europa pós Primeira Guerra Mundial.

Nesse período, os europeus estavam praticamente todos desorganizados.

Os Estados Unidos haviam derrubado as monarquias europeias devido a política do presidente Woodrow Wilson, defensor da democracia liberal e contrário às tradições europeias.

Nesse cenário, os cidadãos do velho continente encontraram-se em uma desordem social, pois não conheciam e muitos não desejavam a democracia.

Por séculos a maioria da Europa era governada por reis, educados para comandar a nação desde a infância. 


No cenário de crise política e caos econômico do século XX, discursos de ordem através da centralização do poder agradaram os europeus.

Foi neste período que surgiram os governos militares da Europa, como a Espanha de Franco, Portugal com Salazar, a Itália com Mussolini e posteriormente o nazismo — um fenômeno diferente dos países da península ibérica, mas semelhante ao fascismo italiano. 

Os regimes militares da península ibérica surgiram devido às grandes guerras internas ocorridas antes da Segunda Guerra Mundial. 

Os governos de Portugal e da Espanha visavam manter a tradição de seus países, em contrapartida aos comunistas e anarquistas que tentaram tomar o poder.

Já na Itália e na Alemanha os governos militares tinham uma mentalidade coletivista e revanchista, derivada do pensamento comunista. Não houve guerra civil nestes países, mas sim a eleição destes governos.

Outros países possuíram movimentos fascistas, mas nenhum deles obteve algum poder relevante.  

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Fonte:brasilparalelo


Até mais!

Equipe Tête-à-Tête

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