Foi a partir da segunda onda feminista que o movimento tomou a forma que possui hoje. De índole mais radical, os principais intelectuais do movimento iniciaram uma verdadeira batalha contra os valores da tradição ocidental, iniciando o feminismo militante moderno. O movimento não foi algo isolado, influenciou e foi influenciado por muitos dos principais marcos históricos do século XX.
O que você vai encontrar neste artigo?
- O que defendia a segunda onda feminista
- História da segunda onda — principais marcos
- Lista das principais características da segunda onda feminista
O que defendia a segunda onda feminista
Desenvolvendo ainda mais os pressupostos do protofeminismo, a segunda onda feminista deu seguimento à primeira onda e foi além nas reivindicações políticas e sociais. As principais demandas eram:
- legalização do divórcio;
- legalização do aborto;
- reconhecimento do sexo casual.
As 3 principais teóricas do movimento foram:
- Simone de Beauvoir;
- Betty Friedan;
- Kate Millet.
História da segunda onda — principais marcos

Como exposto no artigo sobre a 1ª onda, a 2ª onda é um desenvolvimento natural do feminismo, que já tinha essas pautas de forma incipiente desde o início do movimento.
Assim como o movimento feminista como um todo começou com homens, a 2ª onda começou com as obras de Alfred Kinsey, publicadas em 1945.
As ideias de Simone de Beauvoir, principal representante da 2ª onda, são baseadas nas de Kinsey.
Ele era um biólogo estadunidense conhecido por ensinar que toda prática sexual é lícita. O biólogo era militante ateu contra os valores tradicionais sobre matrimônio e família.
Ele criou um instituto para estudos sobre sexo e reprodução (existente até hoje) através de patrocínios promovidos pela fundação Rockefeller.
A primeira obra feminista de Simone de Beauvoair foi publicada em 1949.
Simone defendia a não existência do sexo feminino, sendo a feminilidade uma criação humana para aprisionar as pessoas.
Ao ser perguntada: “O que é uma mulher?”, sua resposta foi:
“Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas.
Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornar-se um ser humano na sua integridade” (O segundo sexo, São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970).
Para ela, as pessoas deveriam ser livres para fazer o que quisessem. A moral era apenas uma estrutura de poder.
Contudo, Simone defendia que as mulheres não pudessem escolher cuidar dos seus lares e filhos. Segundo ela, em uma conversa com Betty Friedan, publicada na revista Saturday Reviews, em 1975:
“Enquanto a família, o mito da família, o mito da maternidade e o instinto maternal não forem destruídos, as mulheres continuarão a viver sob pressão[…]. Nenhuma mulher deveria ter autorização para ficar em casa e cuidar de crianças. A sociedade deveria ser totalmente diferente.
As mulheres não deveriam ter essa opção precisamente porque se tal escolha existir, demasiadas mulheres a seguirão. Isso é uma forma de forçar as mulheres numa certa direção”.
Algumas das principais pautas de Simone envolviam:
- fim do casamento;
- fim da família;
- aborto;
- incesto;
- pedofilia.
Com mais 67 intelectuais da época, Simone e Jean Paul Sartre assinaram uma carta, publicada no jornal Le Monde, pedindo a liberação de três criminosos condenados no Tribunal de Versailles.
O documento defendia a relação sexual com menores na faixa de 14 anos.
Ambos assinaram também uma carta aberta, publicada no jornal Libération, defendendo a revogação da lei que punia, da mesma forma que o estupro, os atos sexuais com menores de 15 anos.
Pediam o “reconhecimento do direito da criança e do adolescente para manter relações com as pessoas de sua escolha” em solidariedade “a todos os pedófilos presos ou vítimas de psiquiatria oficial”.
De acordo com Beauvoir, as crianças de 11 anos já eram consideradas sexuais mesmo que não tivessem alcançado a puberdade. Ela e Sartre fizeram parte da Front de Libération des Pédophiles — FLIP (Frente de Liberação de Pedófilos).
Essas pautas foram desenvolvidas posteriormente, gerando a 3ª onda do movimento feminista: a ideologia de gênero.
Os principais marcos gerados pela segunda onda feminista
A segunda onda feminista influenciou os seguintes marcos históricos:
- aprovação do divórcio nos EUA e no mundo;
- incentivo ao uso de pílulas e outros métodos anticoncepcionais;
- envolvimento com o movimento hippie;
- desenvolvimento da revolução sexual;
A influência feminista ocorreu através da influência intelectual e política dos membros do movimento.
Um exemplo é a participação ativa de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir nos protestos de maio de 68, na Universidade de Paris.
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Maio de 68 é considerado um dos principais marcos da revolução sexual. Os protestos exigiam a renúncia do presidente conservador em prol de uma França com valores progressistas.
A revolução sexual mudou quase todas as esferas da vida no Ocidente.
Antes dela, as músicas, filmes e livros, em sua maioria, não continham conteúdo explícito no âmbito sexual.
O corpo e o sexo eram vistos como algo sagrado.
O objetivo da família era a união afetiva dos esposos e a garantia da proteção e educação dos filhos.
Nesse contexto, as famílias só poderiam ser monogâmicas, para que os cônjuges se dedicassem totalmente um ao outro e à sua família.
Embora nem todos os casos atingissem este ideal, a definição e a meta eram essas.
Após a revolução sexual, o sexo passou a ser visto como algo a ser feito apenas por prazer e em qualquer circunstância.
A família passou a ser qualquer união entre duas ou mais pessoas que sentem prazer umas com as outras e que podem se separar quando quiserem.
Lista das principais características da segunda onda feminista
As principais características da segunda onda feminista são:
- legalização do divórcio;
- luta pelo fim da família;
- defesa do sexo libertino;
- luta pelo fim da vida de “dona de casa”;
- legalização do aborto;
- apologia ao sexo casual.
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Leia sobre a 1ª onda feminista aqui
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Fonte:brasilparalelo
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Equipe Tête-à-Tête
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