Na Atenas antiga, onde viveu Aristóteles, o debate era parte da vida política, pois essa cidade era governada por uma democracia. Nesse contexto, era muito importante saber elaborar e avaliar argumentos.
Aristóteles (384-322 a.C.) é considerado o pai da lógica formal e durante milênios se pensou que tudo o que havia para ser descoberto nessa disciplina já havia sido dito pelo filósofo. E embora hoje se saiba que existem outras lógicas além da aristotélica, muito do que disse continua sendo válido e é ensinado em cursos atuais de lógica.
Aristóteles apresenta suas ideias sobre a lógica em uma série de tratados, intitulados de Categorias, Da Interpretação, Analíticos Anteriores, Analíticos Posteriores, Tópicos e Refutações Sofísticas. Alguns séculos depois, esses livros foram reunidos sob o título de Órganon que significa “instrumento”.
A palavra expressa bem a finalidade da lógica, pois essa pretende ser um instrumento para quem queira fazer qualquer tipo de investigação. O filósofo, o matemático, o cientista, o detetive, enfim, qualquer atividade de investigação deve fazer uso dessa ferramenta para ser bem sucedida. O filósofo ou cientista trabalhando sem o auxílio da lógica é como um caçador sem uma arma, ou um pescador sem um instrumento de pesca.
A razão dessa importância da lógica é que esta mostra como funciona o pensamento, quais são seus elementos, como devemos proceder para provar algo, os vários tipos de provas que é possível oferecer e os inúmeros erros de raciocínio que estamos sujeitos a cometer.
O silogismo
Aristóteles pensava que o único objeto da lógica formal era aquilo que chamou de silogismo. Um silogismo é um tipo específico de raciocínio ou argumento no qual a conclusão se segue necessariamente das premissas. Além disso, o silogismo é sempre composto por três proposições, das quais duas são as premissas e uma é a conclusão.
Um exemplo clássico de silogismo aristotélico é o argumento abaixo:
Todo homem é mortal (premissa)
Sócrates é homem (premissa)
Portanto, Sócrates é mortal (conclusão)
Silogismo, para Aristóteles, é sinônimo de “argumento dedutivo.” O filósofo pensava que o único tipo de argumento dedutivo tinha a estrutura de um silogismo.
As proposições que compõe um silogismo aristotélico relacionam categorias ou classes de objetos. Quando afirmo que “todo homem é mortal” estou relacionando a classe dos homens com a classe dos seres mortais. Por isso a lógica aristotélica também é chamada de “lógica categórica” e cada uma das proposições que compõe um silogismo de “proposições categóricas”.
Definições
Na filosofia antiga, desde Sócrates, o tema das definições era da maior importância. O filósofo tinha o costume de perguntar às pessoas coisas como “o que é a justiça?”, “o que é a virtude?”, perguntas que exigem do interlocutor a capacidade de oferecer uma definição. Ora, o que significa “definir” algo?
Uma parte dos trabalhos de Aristóteles se ocupa de como devemos proceder para oferecer uma definição válida de um conceito. Se pretendo definir o conceito de “homem”, por exemplo, como fazer isso de maneira apropriada?
Para o filósofo, definir significa apresentar a natureza ou essência de uma coisa e para fazer isso é necessário identificar seu “gênero próximo” e sua “diferença específica.” No caso do conceito “homem”, o gênero próximo é “animal” e a diferença específica é “racional”. A definição de “homem” é, portanto, “animal racional”.
Porém, nem todo conceito pode ser definido. As categorias, que são as classes supremas, como substância, quantidade, qualidade etc, não podem definidas, pois são muito gerais – não é possível encontrar um gênero superior a elas. Pelo motivo inverso, termos singulares, como Sócrates, também não podem ser definidos, nesse caso por serem particulares. Desses só é possível percepção.
…
Fonte:escoladefilosofia/Por William Godoy
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
Deixe uma resposta