Há pouco mais de 100 anos, em março de 1919, Benito Mussolini criou o partido fascista na Itália. Por mais de duas décadas, quando ficou conhecido como “Il Duce”, ou “o líder”, ele exerceu amplos poderes até ser baleado por um esquadrão de tiro ao fim da Segunda Guerra Mundial. Afinal, em nome do fascismo, Mussolini cometeu diversos crimes contra a humanidade.
Assim, a vida do ditador italiano, bem como as suas ações, oferecem pontos importantes para entender o atual cenário político mundial.
A HISTÓRIA DE BENITO MUSSOLINI
Mussolini nasceu na pequena cidade italiana de Predappio em 1883. Após qualificar-se como professor, ele se juntou aos socialistas, que acreditavam na coletivização da propriedade.
Enquanto servia ao exército, ele foi ferido e, quando recebeu alta, passou a atuar como jornalista em apoio à Primeira Guerra Mundial. Na época, o próprio serviço secreto britânico financiava seu jornal para publicação de propaganda pró-guerra.
Por esse motivo, apesar de já ter sido preso pelo governo por promover greves, ele foi expulso do partido socialista. Em resposta, Mussolini fundou um novo movimento político, o fascismo – da palavra italiana “pacote” –, que simbolizava a autoridade do governo na Roma antiga.
Nesse sentido, ele desenvolveu a ideia de “espaço vital”, pedindo à Itália que recuperasse de outras nações do Mediterrâneo grande parte da terra que pertenceu ao Império Romano. Em 1919, ele anunciou que o movimento fascista estava se tornando um partido político.
MENTALIDADE FASCISTA E ASCENSÃO DE MUSSOLINI
Como líder do fascismo, Benito Mussolini pressionava pelo crescimento da população italiana. Ele acreditava que era necessária uma população maior para que a nação funcionasse como uma potência militar de classe mundial.
A ideologia de Mussolini também era extremamente racista, ele considerava africanos e asiáticos inerentemente inferiores. Muitas vezes, ele apelou às mulheres italianas brancas para que produzissem mais filhos.
Logo, a organização dos fascistas aconteceu com a formação de esquadrões de veteranos de guerra conhecidos como “camisas negras“. Essa milícia era a linha de frente no conflito contra membros de outros partidos políticos, principalmente comunistas e socialistas.
Na época, o governo italiano abrigava temores profundos de uma revolução comunista e raramente interferia nessa repressão, dando às forças de Mussolini “rédeas relativamente soltas”.
Em 1922, dezenas de milhares de camisas negras se reuniram em Roma para exigir mudanças políticas. O governo queria declarar a lei marcial, mas o rei da Itália, Victor Emmanuel III, temendo uma guerra civil, pediu a Mussolini que formasse um novo governo.
Contudo, os fascistas constituíam apenas uma pequena porcentagem de seu governo original como primeiro-ministro. Portanto, Mussolini pressionou a legislatura a conceder-lhe poderes ditatoriais sobre o que os cidadãos poderiam fazer ou não, buscando fundir o estado com o partido fascista.
Em 1924, sua aliança nacional conquistou quase dois terços dos votos. Por outro lado, um deputado socialista que denunciou irregularidades nas votações foi assassinado.
VIDA SOB O FASCISMO
Mussolini rapidamente construiu um culto à personalidade em torno de si. Aqueles que tentaram se opor a ele foram mantidos sob controle por meios governamentais e extragovernamentais, incluindo intimidação. Várias tentativas de assassinato contra ele deram errado.
Não à toa, Mussolini selecionou os editores dos meios de comunicação e exigiu que todos os professores prestassem juramento de fidelidade ao regime fascista.
Em “A Doutrina do Fascismo”, publicada em 1932, o ditador e um colega fascista declararam que fora do estado “nenhum valor humano ou espiritual poderia existir”.
A QUEDA DO FASCISMO
Quando as sementes da Segunda Guerra Mundial começaram a germinar na década de 1930, Mussolini acreditava que Grã-Bretanha e França estavam condenadas por suas baixas taxas de natalidade. Bem como, pela idade relativamente alta de suas populações.
Além disso, uma vez que, os alemães sob Hitler invadiram facilmente a Polônia em 1939, Mussolini concluiu que a Alemanha prevaleceria, determinando, então, que a Itália deveria se aliar aos nazistas.
No entanto, os italianos representavam um poder de guerra muito mais fraco do que a Alemanha e, em 1943, uma série de derrotas deixou o exército do país desesperado. As fábricas da Itália estavam ociosas e a escassez de alimentos se abateu sobre a população.
Dessa forma, as pessoas se voltaram contra “Il Duce”e, em pouco tempo, as forças americanas e aliadas começaram a bombardear Roma. Por fim, quando as tropas aliadas invadiram a Itália em 1945, Mussolini foi preso por comunistas e executado.
A FRAGILIDADE DA LIBERDADE
Conforme delineado pelo historiador Martin Gilbert, as experiências italianas e alemãs com o fascismo oferecem lições urgentes para os nossos dias.
Primeiro, a proteção mais forte contra uma ditadura é o profundo e amplo respeito pela liberdade. Mussolini minou a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, afinal, desejava controlar o que as pessoas viam, ouviam e liam.
Uma segunda lição do fascismo é impedir a fabricação de emergências. Ao criar uma sensação generalizada de que os tempos eram desesperadores, Mussolini, assim como Hitler, conseguiu suprimir as instituições e tiranizou a população.
Outra lição é o perigo do racismo. Ao argumentar que os brancos são superiores aos africanos e asiáticos, Mussolini lançou as bases para diversos atos de exploração, opressão e extermínio.
Isto é, as pessoas precisam lembrar que o preço da liberdade é a vigilância eterna. O fascismo e o ódio que ele gera podem minar a bondade e inflamar o mal. Por esse motivo, todo o trabalho de uma sociedade em direção à liberdade pode ser fácil e rapidamente destruído em meses por esse tipo de ideologia.
Em suma, a história da ascensão de Benito Mussolini ao poder serve como um lembrete duradouro sobre o quão frágil é a liberdade.
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Fonte:ideiasradicais
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
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