Um argumento ad hominem ocorre quando uma ideia é posta em dúvida através de um ataque contra a pessoa que o defende. A expressão ad hominem vem do latim e quer dizer contra o homem.

pela última alternativa e, da forma como fez, cometeu uma falácia ad hominem.

Argumentos ad hominem nem sempre são falaciosos, mas na maioria dos casos sim.

O primeiro problema com esse tipo de argumento é que, ao invés de avaliar se a ideia é verdadeira ou não, se limita a atacar o caráter de seu autor. Isso é incorreto porque, na maior parte dos casos, características pessoais são irrelevantes para determinar se uma ideia é verdadeira ou falsa.

O segundo problema é que esse tipo de ataque procura silenciar a pessoa que está defendendo uma ideia, excluindo-a do debate. Ocorre que, quando estamos numa discussão, temos obrigação de explicar porque discordamos e não tentar silenciar aquele que pensa diferente.

Por fim, além de ser irrelevante para determinar o valor de verdade de uma ideia, um ataque pessoal pode ser problemático por desviar a atenção do que realmente importa.

Em campanhas políticas esse recurso é especialmente prejudicial e comum. Pois, se os candidatos se limitam a trocar ataques pessoais, o público fica sem conhecer suas propostas para solucionar os problemas da sociedade. O resultado pode ser a eleição de candidatos com um “bom caráter”, “cidadãos de bem” que não tem boas ideias para resolver questões que preocupam a população. Pior ainda, as propostas do candidato eleito podem até ser contrárias ao que a maioria pensa serem as políticas mais adequadas. Como se vê, a distração provocada pelas falácias ad hominem podem custar caro.


Tipos de falácias ad hominem

Ataques pessoais podem assumir quatro formas diferentes. Cada uma deles recebe um nome específico.

  • Ad hominem abusivo. Nesse caso, uma ideia é posta em dúvida através de um ataque direto às características individuais da pessoa.
  • Ad hominem circunstancial ou poço envenenado. Nesse caso, uma teoria é posta em dúvida através da alegação de que a pessoa a defende porque tem algo a ganhar com isso. Por exemplo: responder “você só defende isso porque terá lucro” para alguém que defende os direitos dos animais e é dono de um restaurante vegetariano
  • Tu quoque. Nesse caso, o ataque pessoal envolve acusar uma pessoa de hipocrisia ou incoerência, por não fazer o que defende. Por exemplo: responder “mas você fuma” contra alguém que defende que o cigarro faz mal para a saúde e é fumante.
  • Culpa por associação. Ocorre quando uma ideia é desacreditada por causa da existência de um associação entre seu autor e outra pessoa, instituição ou forma de pensar. Por exemplo: Johannes Kepler era astrólogo, portanto suas ideias sobre o movimento dos planetas devem estar erradas.

Como reconhecer quando é uma falácia

Embora ataques pessoais sejam uma das falácias mais usadas, é necessário lembrar que nem sempre são argumentos inválidos. Alguns são legítimos e é importante saber reconhece-los.

A principal questão que deve ser feita para identificar se um argumento ad hominem é relevante ou não é a seguinte:

No assunto que está sendo discutido, características pessoais fazem a diferença?

Suponha que o tema do debate seja se a Terra é plana ou esférica. Nesse caso, não é difícil perceber que, não importam as características pessoais dos debatedores, o formato da Terra é totalmente independente delas.

Por outro lado, o mesmo não pode ser dito se estivermos no tribunal tentando saber se uma testemunha é confiável ou não. Imagine que você faz parte do júri no caso de um assassinato. A acusação apresenta uma testemunha que diz ter visto o réu cometendo o crime. Já a defesa alega que a testemunha não é confiável, pois teve um conflito com o réu e mentiu no passado. Embora esse argumento seja claramente um ad hominem, ele é perfeitamente aceitável. Nesse caso o ad hominem é relevante porque o tema da discussão é justamente o caráter de uma pessoa: se ela é confiável ou não.

Portanto, é necessária cautela diante de um argumento ad hominem. É um erro descartar qualquer argumento desse tipo como uma falácia.

Fonte:escoladefilosofia

Referências e leitura adicional

Walton, Douglas N. Lógica Informal: manual de argumentação crítica. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.


Até mais!

Equipe Tête-à-Tête

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