Você sabia que nas eleições de 2018, 95% dos Deputados eleitos não recebeu o voto popular direto? Pasmem! Apenas 27 candidatos, de um total de 513, obtiveram uma cadeira por meio de votação própria, sem depender dos votos totais obtidos pelo conjunto do partido ou coligação. Apenas 27 Deputados eleitos representaram, de fato, a população brasileira para debater ideias e pertar os botões “sim”, “não” ou “me abstenho”, nas votações dos projetos submetidos àquela Casa.
Repetindo, apenas 27 Deputados obtiveram uma cadeira na câmara com seus próprios votos, sem depender dos votos totais obtidos pelo conjunto do partido ou coligação.
Por que assuntos tão importantes como este, indissociáveis de uma discussão séria sobre os males que afetam o Brasil não estão nas pautas diárias da grande mídia e seus intelectuais, quando o assunto é Democracia?
Vamos demonstrar abaixo, de forma simplificada, o funcionamento do voto proporcional vigente, responsável pela distorção da representação popular na Casa criada com esta finalidade, mas que de fato muito pouco representa, senão interesses outros e difusos.
Tudo está baseado no Quociente Eleitoral (QE)
Como ele é obtido?
Dividindo-se a soma de todos os Votos Válidos + os Votos de Legenda, pelo número de vagas/cadeiras em disputa (513).
Ou seja, o eleitor vota no candidato ou somente no partido. A soma destes votos é dividida pelo número de cadeiras disponíveis e então se obtém o Quociente Eleitoral, que é o número mínimo de votos que um partido deve obter para conseguir uma cadeira.
Já, os votos obtido pelo partido/coligação (somando-se votos na legenda e votos em candidatos dessa legenda), dividido pelo Quociente Eleitoral, resultam na quantidade de cadeiras a serem destinadas ao partido ou à coligação (Quociente Partidário).
Desta forma, cada partido/coligação recebe um determinado número de vagas, que são preenchidas gradualmente com os candidatos mais votados.
Está difícil de compreender o problema?
Pense no motivo pelo qual os partidos procuram lançar os chamados candidatos “puxadores de votos”, como foi o caso do palhaço Tiririca. Ao votar em um nome, os cidadãos na verdade escolhem ser representados pela sigla/coligação a que ele pertence e, preferencialmente, pelo candidato em que votou, o que, a julgar pelo percentual mencionado no início do texto, dificilmente acontece.
Com 1,353 milhão de votos em 2010, o palhaço Tiririca tornou-se o Deputado Federal mais votado. Ao todo, Tiririca teve mais que o dobro de eleitores que o segundo colocado em São Paulo. Com sua expressiva votação, ele abriu vagas para, pelo menos mais três deputados da coligação.
O Problema: Todos os Deputados “eleitos democraticamente pelo povo” (ironia), na esteira de novos tiriricas, assumirão suas vagas mesmo que tenham obtido menos votos que outros candidatos (de outros partidos), simplesmente devido ao expressivo e excedente número de votos obtidos pelos tais “puxadores de votos”.
Então, quando você ouvir sobre uma possível candidatura de famosos, como o caso de Luciano Hulk, Datena, entre outros, lembre-se que eles estão sendo disputados por partidos em função de sua exposição midiática e pelos possíveis votos e vagas adicionais que conseguirão.
O que menos conta no sistema eleitoral vigente brasileiro, de voto Proporcional, são as ideias e propostas dos eleitos, que deveriam representar os eleitores (o Povo). A elite política, os caciques partidários, os intelectuais, a grande mídia e todos aqueles que vociferam diariamente contra supostos e numerosos ataques à nossa “Democracia”, sabem e omitem uma das verdadeiras causas dos nossos problemas, que é a falta de uma real representatividade popular na condução do nosso próprio destino.
Ao Povo, é reservado o sagrado direito (direito obrigatório) ao voto a cada quatro anos, para que continue se sentindo parte e promotor da “Democracia”. Somos ou não verdadeiros palhaços?
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Benhur Debastiani Teixeira/Administrador de Empresas
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
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