Em debates com temáticas religiosas é comum uma pessoa se deparar com perguntas como “Se Deus é bom, por que o mal existe?”, ou “Se Deus existe, porque tem tanta gente passando fome?”. Essas perguntas podem ser feitas com intenções diferentes: sendo uma dúvida legítima ou uma provocação contra a fé. A Apologética age nas duas situações. Entenda o que é Apologética e como ela é usada.
O que você vai encontrar neste artigo?
- O que é Apologética? [Definição]
- Os Principais Tipos de Apologética
- Quando Surgiu a Apologética? [História]
- Como Santo Tomás de Aquino Provava a Existência de Deus?
- Cinco Autores Apologistas Contemporâneos
- Grandes Apologistas do Século XX
O que é Apologética? [Definição]
Apologética é a defesa da fé baseada em argumentos. Ela visa responder perguntas que podem afastar uma pessoa de Deus e rebater críticas que tentam desmerecer a veracidade da religião. A mais comum no Brasil é a apologética cristã, ou seja, a defesa de Jesus Cristo como Filho de Deus e Salvador.
Na Bíblia é possível identificar trechos que propõe aos cristãos que utilizem de sua sabedoria para defender a palavra de Deus:
“Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês” (1Pd 3,15)
Segundo essas orientações bíblicas, a Igreja criou a Apologética, área de estudo que atua em defesa da fé.
Os Principais Tipos de Apologética
Segundo os estudos da Apologética, há cinco principais métodos utilizados para defender a fé cristã. São eles:
- Método Clássico: esse é o método mais popular. Trata-se da ação de apresentar evidências da existência de Deus. Um exemplo são os estudos históricos para mostrar a existência de Jesus Cristo ou o processo rigoroso que a Igreja Católica submete as ações dos santos para que sejam consideradas milagres;
- Método Evidencial: o método evidencial é muito similar ao clássico, mas ele não necessariamente está atrelado à cosmovisão cristã. Enquanto o método clássico faz estudos históricos para provar a existência de Jesus e o fato de que Ele é Deus, o método evidencial se preocupa apenas em evidenciar que o homem Jesus existiu;
- Método do Caso Cumulativo: esse método é a estratégia de criar uma tese e usar evidências para defesa dessa tese em específico. Por exemplo, a pessoa tem uma tese de que a Europa se tornou um lugar menos injusto para pessoas com deficiência graças à Igreja Católica. Como prova, ele mostra evidências documentais de como as pessoas com deficiência eram maltratadas na Roma Antiga ou na Grécia Antiga e como elas passaram a ser acolhidas após a ação da Igreja nesses locais;
- Método Pressuposicional: esse método consiste na concepção de que a verdade cristã é inabalável e que são as afirmações dos ateus e agnósticos que precisam ser provadas. Ou seja, ela joga o ônus da prova para quem ataca a fé.
- Método da Epistemologia Reformada: esse método vem da percepção de que o ser humano já é naturalmente inclinado a crer em Deus, ele só precisa de algo que facilite esse processo.
Quando Surgiu a Apologética? [História]
A Apologética surgiu nos primeiros séculos do cristianismo com os Padres da Igreja. Em 155 d.C.,Tertuliano de Cartago formulou o conhecimento que hoje é difundido sobre a Santíssima Trindade. Ou seja, um termo capaz de sintetizar que Deus, Jesus e o Espírito Santo são 3 pessoas em uma só essência.
Essa descoberta foi fundamental para combater interpretações que desvirtuaram o cristianismo dizendo que os cristãos tinham três deuses, e não um. As ideias de Tertuliano combatiam a afirmação de que o cristianismo seria politeísta. Essa postura de defesa da fé lançou os pilares da apologética.
Um outro homem que foi peça fundamental para dar corpo à apologética foi Agostinho de Hipona. Ele foi um dos maiores teólogos da Igreja e um Santo. Escreveu muito em defesa da fé contra Pelágio da Bretanha, um monge.
O Pelagianismo, doutrina derivada das ideias desse monge, defende que o ser humano é responsável por sua própria salvação. Algo que contraria a Bíblia que afirma categoricamente que a salvação só é possível pela misericórdia de Jesus Cristo.
O homem que deu as bases mais sólidas da apologética foi Santo Tomás de Aquino. Ele escreveu diversos textos em defesa da fé. Sua obra impressiona por responder questionamentos delicados de maneira profunda e alicerçada na doutrina da fé e na filosofia grega.
Como Santo Tomás de Aquino Provava a Existência de Deus?
Santo Tomás de Aquino escreveu de maneira apologética as suas famosas cinco vias. Elas são formas de provar a existência de Deus. Elas respondem à dúvida primordial de qualquer pessoa que se depara com a pergunta: “Deus existe?”:
- 1ª via. O motor imóvel: para um objeto entrar em movimento é necessário que algo o coloque em movimento. Sempre algum objeto dependerá de outro. Quanto mais se vai para trás, chegará um momento em que será necessário algo que se mova por si só, que seja um motor que move, mas não é movido. Esse motor imóvel é Deus.
- 2ª via. A causa eficiente: tudo existe porque alguma coisa o fez existir. Se Júnior existe é porque a sua mãe e o seu pai o fizeram. Se sua mãe e seu pai existem é porque os avós de Júnior os fizeram. Isso não pode ir até o infinito, em algum momento deverá haver algo que existe por si mesmo. Esse é Deus.
- 3ª via. Do contingente e do necessário: o mundo possui muitas coisas contingentes, ou seja, que podem ou não existir. Essa possibilidade faz com que algo contingente possa em algum momento não existir mais. Um exemplo são os humanos, criaturas contingentes: da mesma forma que poderiam existir, poderiam não existir. Os pais dessas pessoas são a mesma coisa, os avós também, isso poderia ser retroativo até o infinito. Porém, alguma coisa deveria necessariamente existir para originar todas as outras, sem depender da existência de algo anterior. É aí que entra Deus, o Primeiro Necessário.
- 4ª via. Dos graus de perfeição: todas as coisas que existem no mundo possuem um grau maior ou um grau menor de perfeição. Esses graus são baseados em uma perfeição máxima, em um parâmetro de perfeição total. Esse grau máximo é a causa da existência de todas as variações de perfeição. Logo, Deus como a perfeição máxima é a causa de tudo que existe.
- 5ª via. Do governo das coisas e da finalidade do ser: as coisas possuem uma finalidade e essas coisas não atingem esse fim por acaso. Essas coisas e seres vivos irracionais (plantas e animais) não possuem inteligência para sempre atingir o seu fim, logo, existe algo inteligente que dirige essas coisas. Esse algo é Deus.
Além das cinco vias, Tomás de Aquino possui um livro inteiro dedicado para argumentar pela existência de Deus. O livro se chama “O Ente e a Essência” e é considerado um clássico inescapável da filosofia e da teologia.
Cinco Autores Apologistas Contemporâneos
Dave Hunt (1926-2013): autor de A Sedução do Cristianismo e Em Defesa da Fé Cristã.
Padre Paulo Ricardo (1967- …): autor de A Resposta Católica e produtor de horas de vídeos e aulas no YouTube e cursos avulsos.
William Lane Craig (1949- …): autor de Apologética para Questões Difíceis da Vida e Em Guarda: defenda a fé cristã com razão e precisão.
Josh McDowell (1939- …): autor de Mais que um Carpinteiro e Evidência que Exige um Veredito.
Timothy Keller (1950- …): autor de A Fé na Era do Ceticismo: como a razão explica Deus.
Grandes Apologistas do Século XX
O século XX foi um século de efervescência cultural, tanto para ideias que tentavam afastar o ser humano de Deus, quanto daquelas que defendem a fé e a proximidade do homem com o Criador.
Três autores se destacaram no processo de mostrar Deus e a fé para as pessoas: Chesterton, Lewis e Tolkien. Tolkien e Lewis eram amigos, e ambos haviam lido e sido influenciados por Chesterton.
Além de obras sobre literatura ou teologia, os três foram autores de ficções famosas. Chesterton escreveu O Segredo de Padre Brown e uma série de livros sobre esse personagem que é um padre detetive.
Tolkien escreveu O Hobbit e O Senhor dos Anéis, livros que são muito populares até os dias de hoje, ganhando bastante relevância na chamada cultura nerd. E Lewis escreveu As Crônicas de Nárnia, obra que virou filme e se tornou um best-seller.
O que poucas pessoas sabem é que essas obras estão repletas de influência cristã e defendem a fé de maneira mais aparente, como o caso de Lewis, ou de maneira mais velada, como o caso de Tolkien.
Esses três autores são importantes apologistas, pois enfrentaram no campo do imaginário o ceticismo e a descrença em Deus que crescia na cultura.
Entender a mente desses autores é uma aventura pela biografia de gênios que compraram uma guerra no campo da imaginação.
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Fonte:brasilparalelo
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
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