O Políptico de Santo António é um conjunto de nove pinturas a óleo sobre madeira pintadas cerca de 1460-70 pelo pintor italiano do Quattrocento Piero della Francesca que constituía supostamente o elemento central do Retábulo da Igreja de S. António de Perúgia (desconhecida no presente) e que se encontra actualmente na Galeria Nacional da Úmbria nesta mesma cidade.

Início do Renascimento – 338 x 230 cm – Galeria Nacional da Úmbria
A obra foi iniciada pouco depois do regresso de Piero della Francesca de Roma, cerca de 1460, e completada cerca de 1470. O único registo documental relativo à encomenda da obra consta da última parcela do pagamento a Marco, irmão de Piero, que agia frequentemente como agente deste, de 15 fiorini em 21 de junho de 1468..
Tal como o Políptico da Misericórdia, é uma obra de composição arcaica, certamente a pedido dos clientes, com as figuras principais pintadas sobre um precioso fundo de ouro com um motivo que imita tecidos finos talvez inspirado em modelos ibéricos que o pintor possa ter visto durante a sua estada em Roma.
Decididamente inovadora e típica do estilo do artista é a Anunciação, a parte superior do Políptico, situada num claustro luminoso cuja visão ilusionista é considerada entre as expressões máximas de perspectiva da arte do Renascimento.
O Políptico engloba nove painéis havendo uma maior conjugação entre eles do que no Políptico da Misericórdia, designadamente por os santos estarem dispostos aos pares em vez de isoladamente sob o seu próprio arco. As colunas torcidas de gesso foram acrescentadas muito mais tarde. Não há uniformidade de estilo e qualidade dos vários compartimentos, estimando-se a participação de vários assistentes na realização do conjunto.
Extraordinariamente inovador é o espelhamento dos discos mais curtos das auréolas, onde estão refletidas as cabeças dos santos.
O topo do Políptico é ocupado pela extraordinária Anunciação que está enquadrada por uma loggia definida magnificamente em perspectiva. O Anjo está ajoelhado, à esquerda, e a Virgem Maria, à direita, de pé à entrada da loggia, havendo entre os dois os arcos de um dos corredores da loggia que se alonga para o ponto de fuga da perspectiva central criando uma profundidade perspéctica que atrai a visão do espectador.
O momento é o da humiliatio da Virgem Maria quando aceita o encargo divino enquanto os raios da pomba do Espírito Santo colocada num quadrado de céu no canto superior esquerdo a iluminam. A colocação de Maria no espaço da cena foi muito complicada. A cabeça de Maria surge em frente do arco que a enquadra parecendo no exterior, mas de facto encontra-se na loggia; além disso, a reconstrução da cena arquitetónica da cena mostrou que na linha visual entre o Anjo e Maria há um arco, bastando observar o desenho do chão e a sua correspondência com as colunas. A cena também é inundada com uma luz sobrenatural, dirigida da esquerda para a direita, mas que absorve as sombras das colunas da galeria aberta no centro, que desaparecem no chão como pontas. A parte esquerda da cena mostra um jardim no interior de um claustro conventual, uma citação do hortus conclusus que simboliza a virgindade de Maria.
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Fonte:wikiart
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Equipe Tête-à-Tête
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