As fases do capitalismo são: capitalismo comercial, capitalismo industrial e capitalismo financeiro. Todas elas possuem características diferentes e eventos históricos que impactaram em como o mundo é hoje. Entenda esse processo da origem até os dias atuais.
O que você vai encontrar neste artigo?
- O que é Capitalismo e como ele surgiu?
- Capitalismo Comercial (1453-1760)
- As Principais Características do Capitalismo Comercial
- Capitalismo Industrial (1760-1870)
- O Imperialismo
- Um dos Ícones do Capitalismo Brasileiro foi Destruído?
- Principais Características do Capitalismo Industrial
- Capitalismo Financeiro (1870-atualidade)
O que é Capitalismo e como ele surgiu?
O capitalismo é um sistema econômico que se baseia no mercado para orientar o valor das coisas. O valor de mercado é explicado pela lei da oferta e demanda. Oferta é quantidade disponível de um produto para venda, e demanda é quantas pessoas desejam comprar.
São os três pilares do capitalismo:
- economia de mercado;
- propriedade privada;
- acúmulo de capital.
O Capitalismo surgiu ao final da Idade Média, na Europa, na chamada crise do sistema feudal. O feudalismo era um sistema econômico onde a relação de trabalho se dava pela lógica da vassalagem.
Na ascensão da modernidade, alguns reinos passaram pela expansão marítima e deram início aos primeiros passos da globalização do mundo. Mais focados em transações comerciais, esses países iniciaram uma nova lógica de mercado que deu início ao capitalismo.
O capitalismo em seu início era muito diferente do capitalismo atual. O sistema atual foi formado através de um processo histórico dividido em momentos. São as fases do capitalismo:
- capitalismo comercial;
- capitalismo industrial;
- capitalismo financeiro.
Capitalismo Comercial (1453-1760)
A economia feudal tradicional estava em crise. Antes, os nobres se envolviam apenas em disputas militares e políticas, sendo sustentados pelo rei, mas agora um novo campo se tornava atrativo: o comércio.
As trocas eram regidas por um mercado que começava a se tornar mais dinâmico. A expansão dessa atividade superou as fronteiras europeias com o crescimento do comércio internacional, seja pelas Grandes Navegações ou pelas rotas terrestres entre a Europa e a Ásia.
A forma na qual o comércio funcionava variava de país para país. Alguns locais ainda preservavam uma ordem econômica mais ligada ao feudalismo.
Um exemplo era o Brasil, que passou a ser dividido em Capitanias Hereditárias, faixas territoriais que chegavam a ser maiores do que muitos países da Europa, e foram doadas para Capitães Donatários. Não existia uma dinâmica capitalista latente, o mercado interno no país era quase inexistente, e as trocas internacionais eram controladas pela metrópole.
O Capitalismo Comercial enfrentava a alta participação do Estado nas relações econômicas. As técnicas de produção tinham avançado, mas não de maneira que potencializasse significativamente a economia do planeta.
Essa mudança só foi acontecer anos mais tarde com a Revolução Industrial, fenômeno que mudou a história do capitalismo.
As Principais Características do Capitalismo Comercial
A fase conhecida como capitalismo comercial ou pré-capitalismo foi marcada por:
- mistura entre elementos do capitalismo e do feudalismo;
- expansão do comércio para além da Europa com as Grandes Navegações;
- atuação central do Estado financiando os processos de colonização;
- surgimento de uma nova forma de Estado, conhecida como Estado-Nação;
- avanço tecnológico principalmente em relação aos instrumentos de navegação;
- maior utilização da moeda, abandonando gradualmente o escambo;
- criação de novas rotas comerciais terrestres, principalmente na Ásia;
- crescimento acelerado do trabalho escravo.
Capitalismo Industrial (1760-1870)
O capitalismo, como é conhecido hoje, surge em 1760. Naquele ano um fenômeno tomou a Inglaterra, a chamada Revolução Industrial. A partir dos inventos de Thomas Savery e Thomas Newcomen, o jovem inglês James Watt criou o motor a vapor.
A partir da queima do carvão, o vapor movimentava um mecanismo que criava energia cinética. O movimento gerado pelo motor foi acoplado às máquinas de produção de tecidos, por exemplo.
A energia cinética produzida pelo motor poupava um esforço humano e acelerava o processo de produção de uma peça. Assim surgiram as máquinas industriais.
Com o encadeamento de muitas máquinas, organizava-se uma indústria complexa capaz de produzir produtos em quantidades até então não vistas.
Existem diversos motivos para a Inglaterra ter sido o berço do capitalismo industrial, são alguns deles:
- um parlamento que apoiou o desenvolvimento industrial com políticas públicas;
- a capacidade de aproveitar de sua forte marinha para fazer o transporte de matérias-primas;
- a construção de canais e estradas para transporte de mercadorias e matéria-prima;
- a grande disponibilidade de carvão, principal combustível da época, e ferro;
- a presença de intelectuais ingleses que tinham liberdade para exercerem suas pesquisas, como foi o caso do próprios James Watt, inventor da máquina a vapor;
- o predomínio da religião protestante que facilitava a implantação de um sistema capitalista de produção, como colocado por Max Weber em seu livro A Ética protestante e o ‘espírito’ do capitalismo.
Weber defendia que o catolicismo se preocupava mais com a vida espiritual, com o desapego a bens materiais e criava uma cultura mais voltada à reflexão, ao estudo de áreas como filosofia e história, que geram menos dinheiro.
Já os protestantes defendem mais a prosperidade, valorizavam áreas como engenharia e ciências, criando uma cultura que priorizava o trabalho à reflexão. Segundo o autor, o católico prefere dormir bem e comer mal, já o protestante preza por comer bem mesmo que dormindo mal.
Com o surgimento das indústrias, a Europa começou a enfrentar um processo de êxodo rural. Com as novas oportunidades de trabalho, as pessoas saíam do campo para procurar trabalho nas cidades.
O processo de urbanização foi acelerado. As cidades cresciam muitas vezes sem que houvesse o planejamento urbano necessário.

Na obra A Situação da Classe Trabalhadora, de Friedrich Engels, o autor afirma que as fábricas destruíram a vida tradicional do campo e destruíram as terras familiares para obrigar as pessoas a viverem em bairros miseráveis e cidades imundas.
Engels aponta para jornadas de trabalhos exaustivas que passavam das 12 horas diárias, para o fato de 36% das crianças entre 10 e 14 anos trabalharem fora de casa exercendo funções degradantes e para a quantidade de mendigos, bêbados e prostitutas que vagavam pelas ruas urbanas.
O economista Ludwig Von Mises pontua que Engels tem razão quando pontua os problemas sociais que existiam na cidade, porém, defende que a cidade evidenciou questões que em grande medida já existiam. Escreve o autor no livro Ação Humana:
“É uma distorção dos fatos dizer que as fábricas arrancaram as donas de casa de seus lares ou as crianças de seus brinquedos. Os proprietários das fábricas não tinham o poder para obrigar ninguém a aceitar um emprego nas suas empresas. Podiam apenas contratar pessoas que quisessem trabalhar pelos salários que lhes eram oferecidos. Mesmo que esses salários fossem baixos, ainda assim eram muito mais do que aqueles indigentes poderiam ganhar em qualquer outro lugar. Aquelas mulheres não tinham como alimentar os seus filhos. Aquelas crianças estavam carentes e famintas. Seu único refúgio era a fábrica; que as salvou, no estrito senso do termo, de morrer de fome.”
Por um lado as fábricas escancaram problemas sociais da Inglaterra, por outro elas enriqueceram o país, e foram responsáveis pela melhora nos padrões de vida e consumo dos ingleses, posteriormente o padrão se replicou em diversas partes do mundo.
Muitas pessoas passavam por dificuldades financeiras, o trabalho infantil era algo comum no campo e a mortalidade era altíssima.
Com todas as suas contradições, a industrialização permitiu um enriquecimento do mundo ao ponto em que essas questões passaram a ser pauta de discussão pública e foram melhoradas.
Angus Maddison formulou um gráfico mostrando o enriquecimento per capita do mundo nos últimos 2 mil anos:

Com a industrialização, o modo de produção capitalista se mostrou o mais eficiente sistema e foi capaz de transformar países pobres em grandes potências. Essa máquina de gerar riqueza expandiu ainda mais a ambição humana, e a união dos Estados com as empresas gerou um efeito colateral.
O Imperialismo
O Imperialismo foi um movimento que surgiu ao final do século XIX, onde grandes empresas monopolistas e Estados industrializados, como a Inglaterra e França, buscaram expandir os seus domínios para fora de seu território nacional.
O imperialismo existia por três motivos:
- Racismo e racialismo: essa era uma época em que as teorias cientificistas colocavam humanos superiores a outros. Com essa ideologia, alguns homens julgavam que deveriam dominar outros para dá-los uma vida melhor e ensiná-los a verdadeira civilização.
- Economia: as regiões africanas e asiáticas atraíam os Estados e as empresas, pois era onde podiam conseguir mão de obra barata, riquezas naturais e possibilitaram a criação de um novo mercado consumidor.
- Ideologia: muitas pessoas viam na expansão imperial algo ideológico, a atração por ter grandes domínios, seguindo a linha de Alexandre, O Grande, ou Napoleão Bonaparte.
O crescimento das empresas com o capitalismo industrial permitiu que elas se tornassem tão grandes e poderosas ao ponto de exercerem influências nas questões políticas nacionais e internacionais, contribuindo para o imperialismo como colocado no ponto dois da lista acima. Ao mesmo tempo que elas financiavam e influenciavam o Estado, em troca os políticos protegiam seus interesses.
Esse é um dos motivos pelos quais os liberais e conservadores alertam sobre o perigo da relação entre empresas e governos; quando empresas são protegidas pelo Estado elas podem dominar um mercado de maneira injusta e se enriquecerem a partir de trocas de favores com políticos.
Ao invés de proporcionarem um livre mercado e uma competição justa, elas usam o Estado para quebrar a concorrência.
Essa troca de favores faz com que o meio do enriquecimento não seja mais a prestação do melhor serviço possível, mas sim a politicagem. Isso degenera o capitalismo e é um dos motivos que levou ao capitalismo financeiro, que é a fase atual.
Principais Características do Capitalismo Industrial
A fase conhecida como capitalismo industrial foi marcada por:
- êxodo rural, fenômeno onde as pessoas deixaram os campos para habitar as cidades;
- criação de complexos industriais;
- avanço tecnológico na produção de mercadorias e na extração de energia como o carvão mineral;
- mudança nas relações de trabalho, passando a ser o assalariado o mais comum. Isso contribuiu para acelerar o fim da escravidão;
- condições de trabalhos insalubres, onde muitas vezes trabalhadores eram vítimas de acidente e não recebiam suporte após isso;
- aumento da criminalidade nas cidades, prostituição e moradores de rua;
- avanço tecnológico generalizado em diversos setores da sociedade;
- acirramento na disputa política entre aristocracia e burguesia;
- participação maior do setor privado no desenvolvimento econômico;
- maior efervescência política gerada pelo processo de urbanização, aumentando ainda mais o crescimento do pensamento iluminista, e gerando o cenário propício para o surgimento do socialismo e do liberalismo.
Capitalismo Financeiro (1870-atualidade)
O capitalismo financeiro existe em cima de uma contradição. Por um lado, ele permitiu que um sistema financeiro surgisse, onde empreendedores tivessem mais facilidade para conseguir dinheiro e investir na sua empresa, pavimentando o caminho da inovação e do trabalho.
Por outro, ele também gerou o cenário para que grandes monopólios surgissem e influenciassem no mundo todo, inclusive desrespeitando a soberania de nações e tradições populares.
Com o dinheiro, empresários podem comprar melhores máquinas e contratar melhores profissionais, gerando maior produtividade. Mais produtividade e um melhor serviço gera mais riqueza para toda a sociedade.
O surgimento do mercado de ações, onde uma empresa pode vender para investidores parte do seu negócio, fez com que os empreendimentos pudessem crescer mais rápido através de mais dinheiro investido.
Sem empréstimos e o mercado financeiro, provavelmente não seria possível que empresas como Google, Apple e Spotify existissem.
Parte das suas estratégias de negócios envolveram investir capital em inovação, tecnologia e produto, sem retorno financeiro ou lucros imediatos. Os prejuízos eram amenizados a curto prazo com o capital de investidores e a aposta era o lucro a longo prazo com a oferta de novos serviços.
Por outro lado, esse modelo faz com que empresas consigam comprar as outras de maneira muito acelerada e formar grandes grupos empresariais donos de uma fatia enorme do mercado. Criando monopólios tão grandes e ricos quanto alguns países.
Principais Características do Capitalismo Financeiro
A fase conhecida como capitalismo financeiro foi marcada por:
- aumento do número de grandes grupos comerciais donos de diversas empresas;
- crescimento do capital financeiro, aumentando a disponibilidade de empréstimos e financiamentos;
- expansão da quantidade de empresas listada nas bolsas de valores;
- formação de monopólios, ou seja, poucas empresas controlando uma parcela importante do mercado;
- relações mais próximas entre empresas e Estados;
- atuação de grupos empresariais em escalas globais com influência na política de diferentes países;
- inovações tecnológicas promovidas por empréstimos dados com muito mais risco;
- fomentação do empreendedorismo pela disponibilidade de crédito e tecnologias disponíveis;
- aumento da especulação financeira;
- surgimento de moedas não estatais, como o bitcoin.
…
Fonte:brasilparalelo
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
Deixe uma resposta