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RUA DOS ROSTOS PERDIDOS

Este vento não leva apenas os chapéus,estas plumas, estas sedas:este vento leva todos os rostos,muito mais depressa. Nossas vozes já estao longe,e como se pode conversar,como podem conversar estes passantesdecapitados pelo vento? Não, não podemos segurar o nosso rosto:as mãos... Continue lendo →

O LIVRO DOS AMANTES I

Glorifiquei-te no eterno.Eterno dentro de mimfora de mim perecível.Para que desses um sentidoa uma sede indefinível. Para que desses um nomeà exactidão do instantedo fruto que cai na terrasempre perpendicularà humidade onde fica. E o que acontece durantena rapidez da... Continue lendo →

DO SENTIMENTO TRÁGICO DA VIDA

Não há revolta no homemque se revolta calçado.O que nele se revoltaé apenas um bocadoque dentro fica agarradoà tábua da teoria. Aquilo que nele mentee parte em filosofiaé porventura a sementedo fruto que nele nascee a sede não lhe alivia.... Continue lendo →

DE AMOR NADA MAIS RESTA QUE UM OUTUBRO

De amor nada mais resta que um Outubro e quanto mais amada mais desisto: quanto mais tu me despes mais me cubro e quanto mais me escondo mais me avisto. E sei que mais te enleio e te deslumbro porque... Continue lendo →

ANDAR?! NÃO ME CUSTA NADA!

Andar?! Não me custa nada!... Mas estes passos que dou Vão alongando uma estrada Que nem sequer começou. Andar na noite?!Que importa?... Não tenho medo da noite Nem medo de me cansar: Mas na estrada em que vou, Passo sempre... Continue lendo →

ESTRELA PERIGOSA – CLARICE LISPECTOR

Estrela perigosaRosto ao ventoMarulho e silêncioleve porcelanatemplo submersotrigo e vinhotristeza de coisa vividaárvores já floresceramo sal trazido pelo ventoconhecimento por encantaçãoesqueleto de idéiasora pro nobisDecompor a luzmistério de estrelaspaixão pela exatidãocaça aos vagalumes.Vagalume é como orvalhoDiálogos que disfarçam conflitos por... Continue lendo →

CLARICE, UMA MULHER, UMA PESSOA, UMA ATENÇÃO

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia a 10 de dezembro de 1920 e morreu no Brasil a 9 de dezembro de 1977. Foi jornalista e escritora exímia, deixando um vasto baú de escolhas, para todos os gostos: romances, crónicas, ensaios, contos,... Continue lendo →

DE LONGE TE HEI-DE AMAR, CECÍLIA MEIRELES

De longe te hei-de amar– da tranquila distânciaem que o amor é saudadee o desejo, constância.Do divino lugaronde o bem da existênciaé ser eternidadee parecer ausência.Quem precisa explicaro momento e a fragrânciada Rosa, que persuadesem nenhuma arrogância?E, no fundo do... Continue lendo →

CANÇÃO, DE CECÍLIA MEIRELES

Em apenas quinze versos, Cecília Meireles consegue compor na sua Canção uma ode à urgência do amor. Singelo e direto, os versos convocam o retorno do amado. O poema, presente no livro Retrato natural (1949), também conjuga elementos recorrentes na lírica da poetisa: a... Continue lendo →

TENTA-ME DE NOVO – HILDA HILST

Hilda Hilst também é um nome incontornável quando se pensa em amor na poesia brasileira. A escritora paulista escreveu versos que vão desde a escrita erótica até a lírica idealizada. Quando se pensa em poesia de amor, o mais frequente... Continue lendo →

REINVENÇÃO – CECÍLIA MEIRELES

A vida só é possívelreinventada.Anda o sol pelas campinase passeia a mão douradapelas águas, pelas folhas...Ah! tudo bolhasque vem de fundas piscinasde ilusionismo... — mais nada.Mas a vida, a vida, a vida,a vida só é possívelreinventada.Vem a lua, vem, retiraas... Continue lendo →

A SUBLIME E INQUIETA LÍRICA DE FLORBELA ESPANCA

A 8 de Dezembro de 1894 nascia, no distrito de Évora, Florbela Espanca, um dos nomes mais célebres da Poesia em Portugal. Trinta e seis anos mais tarde, precisamente a 8 de Dezembro de 1930, a poetisa cometia suicídio. Embora... Continue lendo →

A REALIDADE NÃO ME SURPREENDE

A realidade não me surpreende. Mas não é verdade; de repente tenho uma tal fome de «coisa acontecer mesmo» que mordo num grito a realidade com os dentes dilacerantes. E depois suspiro sobre a presa cuja carne comi. E por... Continue lendo →

A HARMONIA SECRETA DA DESARMONIA

Quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a... Continue lendo →

FANATISMO

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdidaMeus olhos andam cegos de te ver !Não és sequer a razão do meu viver,Pois que tu és já toda a minha vida ! Não vejo nada assim enlouquecida ...Passo no mundo, meu Amor, a lerNo... Continue lendo →

MÁQUINA BREVE

O pequeno vaga-lumecom sua verde lanterna,que passava pela sombrainquietando a flor e a treva— meteoro da noite, humilde,dos horizontes da relva;o pequeno vaga-lume,queimada a sua lanterna,jaz carbonizado e tristee qualquer brisa o carrega:mortalha de exíguas franjasque foi seu corpo de... Continue lendo →

EU – LISPECTOR

Sou composta por urgências:minhas alegrias são intensas;minhas tristezas, absolutas.Entupo-me de ausências,Esvazio-me de excessos.Eu não caibo no estreito,eu só vivo nos extremos Pouco não me serve,médio não me satisfaz,metades nunca foram meu forte! Todos os grandes e pequenos momentos,feitos com amor... Continue lendo →

MINHA ALMA TEM O PESO DA LUZ – LISPECTOR

Minha alma tem o peso da luz.Tem o peso da música.Tem o peso da palavra nunca dita,prestes quem sabe a ser dita.Tem o peso de uma lembrança.Tem o peso de uma saudade.Tem o peso de um olhar.Pesa como pesa uma... Continue lendo →

MAR – SOPHIA DE MELLO B. ANDRESEN

Mar, metade da minha alma é feita de maresiaPois é pela mesma inquietação e nostalgia,Que há no vasto clamor da maré cheia,Que nunca nenhum bem me satisfez.E é porque as tuas ondas desfeitas pela areiaMais fortes se levantam outra vez,Que... Continue lendo →

ESTE É O LENÇO – CECÍLIA MEIRELES

Este é o lenço de Marília,pelas suas mãos lavrado,nem a ouro nem a prata,somente a ponto cruzado.Este é o lenço de Maríliapara o Amado. Em cada ponta, um raminho,preso num laço encarnado;no meio, um cesto de flores,por dois pombos transportado.Não... Continue lendo →

MOTIVO DA ROSA – CECÍLIA MEIRELES

Não te aflijas com a pétala que voa:também é ser, deixar de ser assim. Rosas verá, só de cinzas franzida,mortas, intactas pelo teu jardim. Eu deixo aroma até nos meus espinhosao longe, o vento vai falando de mim. E por... Continue lendo →

PORQUE OS OUTROS SE MASCARAM MAS TU NÃO – SOPHIA DE MELLO B. ANDRESEN

Porque os outros se mascaram mas tu nãoPorque os outros usam a virtudePara comprar o que não tem perdão.Porque os outros têm medo mas tu não.Porque os outros são os túmulos caiadosOnde germina calada a podridão.Porque os outros se calam... Continue lendo →

A ARTE DE SER FELIZ – CECÍLIA MEIRELES

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.... Continue lendo →

ANINHA E SUAS PEDRAS – CORA CORALINA

Não te deixes destruir…Ajuntando novas pedrase construindo novos poemas.Recria tua vida, sempre, sempre.Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.Faz de tua vida mesquinhaum poema.E viverás no coração dos jovense na memória das gerações que hão de vir.Esta fonte... Continue lendo →

BECOS DE GOIÁS – CORA CORALINA

Becos da minha terra...Amo tua paisagem triste, ausente e suja.Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.E a réstia de sol que ao meio-dia desce fugidia,e semeias polmes dourados no teu lixo pobre,calçando de ouro a sandália... Continue lendo →

PASSIONAL – CLARICE LISPECTOR

Sou um ser totalmente passional.Sou movida pela emoção, pela paixão…. tenho meus desatinos…Detesto coisas mais ou menos.Não sei conviver com pessoas mais ou menosNão sei amar mais ou menos.Não me entrego de forma mais ou menos.Se você procura alguém coerente,... Continue lendo →

DONA DOIDA – ADÉLIA PRADO

Uma vez, quando eu era menina, choveu grossocom trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.Quando se pôde abrir as janelas,as poças tremiam com os últimos pingos.Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho... Continue lendo →

CANÇÃO DO AMOR-PERFEITO

Eu vi o raio de solbeijar o outono.Eu vi na mão dos adeuseso anel de ouro.Não quero dizer o dia.Não posso dizer o dono. Eu vi bandeiras abertassobre o mar largoe ouvi cantar as sereias.Longe, num barco,deixei meus olhos alegres,trouxe... Continue lendo →

AMAVISSE

Como se te perdesse, assim te quero.Como se não te visse (favas douradasSob um amarelo) assim te apreendo bruscoInamovível, e te respiro inteiroUm arco-íris de ar em águas profundas.Como se tudo o mais me permitisses,A mim me fotografo nuns portões... Continue lendo →

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