No período de escravidão no Brasil (entre os séculos XVI e XIX), os negros que conseguiam fugir dos engenhos se refugiavam, com outros em igual situação, em locais bem escondidos e fortificados no meio das matas. Estes locais eram conhecidos como quilombos. Nessas comunidades eles viviam de acordo com sua cultura africana, plantando e produzindo. Na época colonial, o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas principalmente pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Alagoas.

A formação do Quilombo dos Palmares, o mais conhecido da História brasileira

Na ocasião em que Pernambuco foi invadida pelos holandeses (1630), muitos dos senhores de engenho acabaram por abandonar as suas terras. Este fato beneficiou a fuga de um grande número de escravos. Estes, após fugirem, buscaram abrigo no Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas.

Isso propiciou o crescimento do Quilombo dos Palmares, que no ano de 1670, já abrigava em torno de 50 mil escravos fugitivos. Estes, também conhecidos como quilombolas, costumavam pegar alimentos às escondidas nas plantações e nos engenhos existentes em regiões próximas; situação que incomodava os habitantes locais.

Esta situação, fez com que os quilombolas fossem combatidos tanto pelos holandeses (primeiros a enfrentá-los) quanto pelo governo de Pernambuco, sendo que este último contou com os ser­viços do bandeirante Domingos Jorge Velho.

A luta contra os negros de Palmares durou por volta de cinco anos; contudo, apesar de todo o empenho e determinação dos negros chefiados por Zumbi, foram derrotados.

Importância: símbolo de resistência e manutenção cultural

Os quilombos representaram uma das formas de resistência e combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na África. Tiveram grande importância e significado para a formação da cultura afro-brasileira.

Comunidades quilombolas na atualidade

Por estarem em locais afastados, muitos quilombos permaneceram ativos mesmo após a abolição da escravatura em 1888. Eles deram origem às atuais comunidades quilombolas (quilombos remanescentes). Atualmente, existem cerca de 3.000 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Palmares, grande parte situada em estados das regiões Norte e Nordeste.

Os integrantes das comunidades quilombolas remanescentes possuem fortes laços culturais; mantendo suas tradições, práticas religiosas, relação com o trabalho na terra e o próprio sistema de organização social.

Curiosidade histórica

– O decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, regulamentou, em todo o território nacional, os procedimentos para identificação, delimitação, reconhecimento e titulação das terras ocupadas por comunidades quilombolas. Portanto, as comunidades remanescentes de quilombos já são reconhecidas e amparadas pela lei brasileira. Este mesmo decreto, transferiu para o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a função de delimitar as terras das comunidades quilombolas remanescentes.

– A palavra “quilombo” é de origem africana. Na língua bantu, significa “esconderijo na mata”.

Festa quilombola no Quilombo Gurutuba

Festa quilombola no Quilombo Gurutuba (fonte: Incra)



Créditos : Jefferson Evandro Machado Ramos
Graduado em História pela Universidade de São Paulo – USP (1994


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Equipe Tête-à-Tête