O falso dilema é uma falácia de simplificação que oferece um número limitado de opções (geralmente duas) quando, na verdade, mais opções estão disponíveis. Trata-se de uma falácia porque tende a reduzir questões complexas a escolhas simplistas. Um falso dilema surge quando nos permitimos estar convencidos de que temos que escolher entre duas e apenas duas opções mutuamente exclusivas, quando isso não é verdade. Geralmente, quando essa estratégia retórica é usada, uma das opções é inaceitável e repulsiva, enquanto a outra é aquela que o manipulador quer que escolhamos. Quem quer que caia nessa armadilha fez assim uma escolha que é forçada e, como tal, de pouco valor.
Exemplos
- Se não reduzirmos os gastos públicos, nossa economia entrará em colapso.
- Brasil: ame-o ou deixe-o.
- O universo não poderia ter sido criado a partir do nada, então deve ter sido criado por uma força vital inteligente.
Esses três exemplos são casos de falsos dilemas. Em todos os casos, podemos imaginar alternativas não listadas no dilema. Sobre o Brasil, por exemplo, não precisamos amá-lo incondicionalmente sem reclamar daquilo que está errado ou ir embora. Também podemos ficar e lutar contra injustiças e por mudanças.
Em relação ao último dilema também podemos imaginar alternativas: o universos poderia surgir de algo não inteligente, por exemplo.
Como evitar falsos dilemas?
Se nos é apresentado um dilema, temos que ter certeza de que é um verdadeiro dilema antes de saltar para uma conclusão (ou antes de concluir que é impossível escolher). Para isso, é crucial lembrar que entre preto e branco, muitas vezes há muitos tons de cinza. Em outras palavras, o melhor antídoto para falsos dilemas é um pouco de imaginação, que muitas vezes é suficiente para estabelecer que não foram apresentadas todas as opções disponíveis de forma correta e exaustiva.
…
Fonte:escoladefilosofia
Referências e leitura adicional
Douglas Walton. Lógica Informal: manual de argumentação crítica. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
Até mais!
Equipe Tête-à-Tête
29 de junho de 2022 at 04:44
Muito bom e conciso. Eu uso uma forma alternativa de lidar com os falsos dilemas: rejeitar todos os dilemas. Por exemplo, a frase “Brasil: ame-o ou deixe-o” pode ser tratada como duas proposições: ame o Brasil, e deixe o Brasil. Podemos avaliá-las separadamente, o que tiraria o sentido original. Ou podemos reformular a frase original para: “Se você não ama o Brasil, deixe-o”; e agora eu posso tratar isso como uma implicação (P => Q) e a rejeitar ou aceitar.
Portanto alguns dilemas são falsos, mas também podem ser argumentos mal formulados. Usei um pouco de criatividade para sair do falso dilema: dilemas são verdadeiros ou falsos =D
CurtirCurtir
29 de junho de 2022 at 23:08
Obrigado pela tua leitura e comentário, Henrique! Abraços
CurtirCurtir